A ITEC é uma empresa que se dedica ao comércio de equipamentos e serviços para a indústria eletrónica e automóvel, bem como soluções de engenharia, robótica e automação industrial. Foi fundada em 2006 por Carlos Rodrigues, antigo aluno do curso de Engenharia Industrial e Eletrónica da UMinho, e Pedro Iglésias, ex-aluno de Engenharia de Produção da mesma Escola. 

No início dedicavam-se apenas ao comércio de equipamentos e serviços mas, a partir de 2008, com a entrada de mais dois sócios na empresa, expandiram a atividade para novas áreas de negócio. Valentino Pereira, alumnus de Engenharia de Materiais da UMinho desenvolveu a área de soldadura e inspeção ótica e Paulo Compadrinho ficou com a responsabilidade de desenvolver a área de Engenharia e Automação Industrial. 

Quase a cumprir 10 anos de existência, os quatro sócios da ITEC podem hoje afirmar que trabalham com as maiores e mais conceituadas empresas do setor automóvel a operar em Portugal e são hoje uma referência nacional neste setor, quer a nível de marcas representadas, quer a nível de soluções de engenharia. A NÓS Alumni visitou as suas instalações, na zona industrial de Frossos em Braga, onde teve a  oportunidade de conversar com Carlos Rodrigues. 


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Como e quando surgiu a ITEC?

Trabalhei nove anos para uma empresa de trading para a área electrónica/automóvel, onde desempenhei a função de gestor de produto. Considero que foi uma experiência enriquecedora e determinante para chegar onde estamos hoje.​

Sempre tive como objetivo liderar um projeto empresarial próprio e, em 2006, juntamente com outro colega de trabalho, o Pedro Iglésias, que também foi aluno da UMinho, entendemos que seria o momento para dar esse passo. Foram tempos difíceis, os primeiros, mas a vontade e a determinação falaram mais alto.  

A empresa veio responder, na altura, a uma necessidade específica do mercado? 
A nossa perspetiva, na altura, é que haveria espaço para um projeto novo, focalizado numa maior proximidade a um conjunto de clientes estratégicos, com soluções mais competitivas e algumas novidades. Estávamos certos.
Iniciamos a atividade com algumas área de negócio que, de certa forma, dominávamos, nomeadamente, proteção eletrostática, doseamento de fluídos e aplicações robotizadas mais simples. Rapidamente entendemos que para crescer, precisávamos de alargar a nossa oferta. Para isso foi determinante a incl​​​​usão de 2 novos sócios na empresa, que para além de investidores, vieram desenvolver novas áreas de negócio. O Valentino Pereira (ex-aluno da UMinho da área de materiais), nosso ex-colega de trabalho, criou a área de soldadura e inspeção ótica.  O Paulo Compadrinho criou uma área completamente nova dentro da empresa: Engenharia e Automação Industrial.
ITECB.jpgValentino Pereira, Carlos Rodrigues e Pedro Iglésias.​

Vão comemorar este ano 10 anos de existência. Que balanço faz do percurso da empresa, tanto do ponto de vista do desenvolvimento dos seus serviços e produtos, como do posicionamento no mercado interno e externo?
Este percurso fica marcado por um crescimento sustentado, assente numa busca constante de soluções inovadoras, mas acima de tudo, numa equipa altamente motivada, com forte espírito de entreajuda  e capaz de se superar todos os dias. Sem dúvida que os recursos humanos e a aposta na formação/qualificação são um fator de distinção entre as organizações. E os nossos são os melhores.
Com a equipa que temos hoje conseguimos não só cobrir uma gama superior de equipamentos e aplicações, isto na área de trading, bem como desenvolver soluções de engenharia e automação industrial cada vez mais complexas. Para além disso, e dado o desempenho que temos obtido junto dos nossos principais clientes, multinacionais, estamos referenciados como parceiros globais. Em termos práticos, temos equipamentos instalados em 7 países, atingimos uma taxa de exportação de 10% em 2015 e a previsão para 2016 aponta para um valor na ordem dos 25%.
No mercado interno somos uma referência, quer a nível de marcas representadas, quer a nível de engenharia, onde trabalhamos com as maiores empresas que operam em Portugal no sector automóvel. No caso particular da Bosch Car Multimedia, uma das empresas mais tecnológicas e um dos maiores exportadores do país, somos, provavelmente, o maior fornecedor português, em termos de automação industrial.

Têm ganho, nos últimos anos, os prémios PME líder, atribuído pelo IAPMEI. O que é este reconhecimento representa para a empresa?
Este reconhecimento, bem como o estatuto de PME Excelência refletem a forma séria de estar no meio empresarial que a Itec sempre assumiu perante colaboradores, clientes e fornecedores. Desde o primeiro dia que existe uma política rigorosa de compromisso com todos, que na prática se traduz em fortes relações de confiança e consequentemente em resultados positivos.

Qual foi o projeto desenvolvido na ITEC que considera ter sido o mais ambicioso/inovador?
Será difícil e de certa forma injusto atribuir essa distinção a um projeto em específico. A Itec desenvolveu soluções de engenharia muito interessantes ao longo do seu percurso, sobretudo nos últimos 5 anos, com destaque para as aplicações robotizadas de aparafusamento, doseamento de fluídos, manipulação e assemblagem de peças, tudo isto integrado com os mais sofisticados sistemas de visão utilizados na indústria eletrónica e automóvel, e comunicação com periféricos externos. 

A empresa conta com quantos funcionários neste momento?
Neste momenta a empresa integra 27 colaboradores, distribuídos pelas áreas técnica, comercial, administrativa e logística.
Existe uma preocupação constante em proporcionar as melhores condições de trabalho aos nossos colaboradores, bem como um forte investimento em ferramentas que melhorem os nossos índices de qualidade e produtividade. Operamos num sector onde os níveis de exigência são muito elevados, as tolerâncias ao erro são praticamente inexistentes e isso acaba por ser um desafio, um estimulo  e um fator motivacional que nos move todos os dias para atingir a excelência.
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Qual é a formação profissional dos vossos colaboradores? Existe uma predominância de diplomados da UMinho?
Na área técnica, temos cerca de 16 colaboradores, dos quais metade são licenciados da Universidade do Minho e os restantes são técnicos de Eletrónica/Comando da Escola Profissional de Braga. Temos engenheiros das área de Eletrónica Industrial, Mecânica e Design do Produto. Sem dúvida que aquilo que estas pessoas traziam na bagagem da UM foi fundamental para a sua integração na empresa, mas a reciclagem de conhecimentos, como a participação em seminários, visitas a feiras e formação específica junto dos nossos fornecedores, acrescenta muito know-how e abre outros horizontes a toda esta gente.   

Licenciou-se em Engenharia Eletrónica e Industrial pela Universidade do Minho em 1996. Porquê este curso e porquê a UMinho?
A opção por este curso foi tomada por se tratar de uma área nova na academia e, numa altura em que começavam a surgir computadores mais sofisticados, internet, enfim um despertar para a tecnologia, este curso prometia abrir algumas portas e um contacto mais próximo com todo este mundo, o que para um jovem de 18 anos que vem de uma área técnica, se torna especialmente atrativo. Para além disso, e pelo facto de ser novidade, as perspetivas de emprego também eram um fator levado em conta pela grande maioria dos colegas. A questão da UMinho teve a ver, primeiro com a credibilidade da instituição e também com a proximidade à minha área de residência. Não considerei nenhuma outra opção.

Fale-me do seu percurso, desde que terminou o seu curso até aos dias de hoje
Assim que terminei o curso, estagiei na Bosch (naquele tempo Blaupunkt) que me permitiu o contacto com tecnologia de ponta na área da eletrónica. A Blaupunkt era a maior empresa do país, o maior fabricante europeu de auto-rádios e uma empresa com elevados níveis de organização e qualidade. Foi uma boa escola para aquilo que viria a ser o próximo desafio profissional. Terminado o estágio, surgiu a oportunidade de entrar para os quadros de uma empresa para um cargo técnico-comercial, que na altura era fornecedor da Blaupunkt, e que me proporcionou o contacto, não só com a componente tecnológica (equipamentos ligados à produção de placas circuitos impressos), mas também uma imersão no mundo empresarial, com uma forte vertente de negociação, estudo de soluções, avaliação de mercados, técnicas de marketing e promoção de produtos. Esta experiência, não só me fascinou como vez crescer a minha determinação em criar um negócio próprio e mergulhar mais a fundo nesse mundo. Pelo meio e em paralelo, ficaram 9 anos de ligação ao ensino profissional, onde aprendi muito sobre relacionamento humano, tolerância e respeito pelos outros.
Como referi anteriormente, a ITEC aparece como uma evolução natural da experiência adquirida e da ambição pessoal.

Que diferença fez a UMinho no seu percurso profissional?
Sendo a UMinho uma instituição de reconhecido prestígio, acaba sempre por dar um contributo para a integração no mercado de trabalho. No meu caso, reconheço que abriu algumas portas. 

Que memórias guarda desta academia?
As melhores. Foram tempos fantásticos em todos os aspetos, desde os novos conhecimento que adquirimos, passando pela camaradagem e contacto com gente oriunda de todo o pais, e claro, pela diversão. Por vezes o mais complicado é encontrar um equilíbrio perante este cenário, que é novo para a maior parte dos estudantes: ter de gerir o seu tempo,  dinheiro e liberdade sem a supervisão dos pais. Mas foi uma escola de vida.

Mantem algum tipo de relação com a sua Universidade?
Digamos que vou acompanhando de perto a evolução dos últimos anos. A minha esposa é docente na UMinho o que me permite estar informado, pelo menos dos factos mais marcantes. 

E no que diz respeito à empresa. Existe ou já existiu algum tipo de  cooperação? Que importância tem esta relação?
Já trabalhamos em 2 projetos QREN em parceria com a UMinho/TecMinho e neste temos a decorrer um projeto de desenvolvimento de uma aplicação, ao abrigo do novo quadro Portugal2020. Considero um privilégio ter uma instituição com este prestígio tão próxima e tão acessível, e penso que teremos todos a ganhar com essa colaboração nas áreas de I&D. É sem dúvida uma parceria para manter e reforçar. ​​

Próximos desafios para a ITEC?
Um dos maiores desafios da ITEC para os próximos 5 anos é reforçar a sua posição no mercado nacional e internacional.  A estratégia de crescimento da empresa passa por criar novas áreas de negócio, reforçar a sua atividade de I&D, criar produtos próprios e apoiar a criação de start-ups. Estamos também atentos ao nosso enquadramento sócio-económico e não deixaremos de intervir enquanto entidade responsável e comprometida com a sociedade e o ambiente. 

* Artigo da rubrica Ecossistema de Inovação e Empreendedorismo da News​​letter Nós Alumni, desenvolvido em parceria com a TecMinho ​​

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