Tudo começou quando Nuno Marques de Oliveira, antigo aluno de Engenharia de Materiais, se interessou pelo mundo da impressão 3D e viu nisso uma oportunidade de negócio para realizar maquetes de arquitetura. Investigou o que existia no mercado e cedo se apercebeu que, no que dizia respeito a impressoras, nada havia com as características que tinha idealizado: um equipamento que permitisse imprimir em 3D de forma acessível, fácil e rápida.

No início de 2015, começou a estudar o assunto mais a sério. Aprendeu a modelar em 3D, desenhou o equipamento, comprou os componentes necessários e concebeu a máquina. Em junho desse ano já tinha um protótipo funcional otimizado, a nível de volume que ocupava para o volume que imprimia, com um rácio melhor do que qualquer impressora existente no mercado e com o qual já conseguia fazer testes de impressão. Mas nada disto teria sido possível sem recorrer a uma "pequena" ajuda dos seus amigos.​

Ao longo do desenvolvimento do produto, este antigo aluno começou a detetar algumas lacunas nos seus conhecimentos de electrónica, especialmente na configuração necessária e na abordagem a alguns componentes. Foi aí que chamou o engenheiro eletrónico Tiago Ermida para o ajudar a ultrapassar estas dificuldades técnicas, passo essencial para o desenvolvimento do protótipo. Um pouco mais tarde, os dois colegas sentiram a necessidade de incorporar na equipa alguém da área do design, mais experiente em modelação. Decidiram então convidar uma amiga de ambos para a equipa, Ana Filipa Almeida, licenciada em Design do Produto. Esta identificou facilmente as falhas de design das impressoras já existentes, o que facilitou a compreensão do equipamento que se queria desenvolver. Estava assim criada a equipa XPIM, onomatopeia que Nuno usava frequentemente entre amigos e que acharam que encaixava no espírito da equipa.

 Ana Filipa Almeida, Nuno Marques de Oliveira​ e Tiago Ermida

Em junho, quando tínhamos a impressora pronta, queriamos arranjar clientes. O IdeaLab ensinou-nos a parar e a olhar para as coisas como tem de ser. 

No final de setembro de 2015, decidiram concorrer ao XIV IdeaLab, laboratório de ideais promovido anualmente pela TecMinho, e foram selecionados. Com esta participação, que durou cerca de 5 meses, muitos profissionais, de várias áreas diferentes, ajudaram a jovem equipa a criar o seu plano de negócio. Este passo revelou-se crucial na compreensão de aspetos essenciais para a consolidificação da XPIM, tais como, detectar potenciais clientes, analisar a concorrência, pensar nas consequências financeiras, considerar os aspetos legais, fazer inquéritos, etc. Nuno Marques de Oliveira explicou à Nós Alumni que a participação no IdeaLab "deu-nos umas fundações brutais, não só a nível de conhecimentos, porque apendemos muita coisa que antes não conhecíamos, mas também no que toca a saber como se constrói o puzzle. Ensinar a fazer as coisas faseadamente, pela ordem correta, para além de como as fazer, foi o principal do IdeaLab".

O plano inicial dos alumni era fazer muitas impressões para gerar capital suficiente e, com isso, alavancar o desenvolvimento do protótipo que criaram. Contudo, com a passagem pelo IdeaLab, e também através de contatos feitos em feiras profissionais em que foram participando, estão agora a estudar cuidadosamente o próximo passo. Nuno disse-nos que já tiveram "manifestações de interesse na compra do equipamento e agora estamos numa fase de validação dessas pré-encomendas para conseguir definir o rumo da empresa e depois saber gerir o esforço que vai requerer de nós. Se for para fazer impressoras, é um negócio muito mais rentável porque é escalável para o mercado mundial. Por outro lado, a prestação de serviços também interessa porque podemos ganhar protagonismo no panorama nacional, uma vez que temos uma oferta diferenciadora, já que conseguimos fazer impressões de grande volume a um preço competitivo."

Estamos a democratizar a impressão 3D porque fazemos low cost com qualidade. 

Para já, o que é evidente para a equipa é que querem chamar a atenção para a marca XPIM, ou seja, investir forte na publicidade e divulgação dos seus serviços e equipamento, especialmente, junto do seu público-alvo principal que são os arquitetos e designers, alunos e profissionais. "Primeiro os alunos, pela relação de aproximação e pela necessidade imediata dos estudantes da UMinho, que não têm acesso a um impressora com estas características", explica Ana que passou recentemente por essa experiência. A antiga aluna da UMinho continua: "os designers e arquitetos deixam de ter limitações para criar protótipos fidedignos e com qualidade superior de acabamento e definição, porque vamos dar aos colegas a oportunidade de conseguirem conceber produtos a um preço acessível. Estamos a democratizar a impressão 3D, porque fazemos low cost com qualidade."

 

Os jovens empreendedores explicam que, apesar de não terem começado ainda uma verdadeira ação de marketing, têm tido bastante procura por parte dos estudantes e também contactos de áreas muito diversificadas e que nunca tinham equacionado, como a joalharia. De momento, têm cerca de 10 projetos em mãos e consideram que o feedback e a adesão à nova tecnologia tem sido muito bons. "Somos dos poucos que imprimimos em todo o tipo de materiais, de forma flexível: compósitos com barro, madeira, etc. Normalmente é tudo feito em PLA (ácido polilático), mas achamos que há potencial para aplicações de materiais mais avançados e, como tal, trabalhamos com mais de trinta materiais diferentes e nisto também nos diferenciamos", esclarece o mentor do projeto.

Num futuro próximo, a XPIM pretende facilitar o processo de encomenda, isto é, os clientes poderão aceder ao site que está disponível em www.xpim3d.com e, em 4 ou 5 clickes, submetem o ficheiro a imprimir, escolhem o material, cor, resolução, acedem ao orçamento, encomendam, pagam e recebem. É também uma aspiração da empresa dos três ex-alunos, estabelecer uma parceria com a UMinho, não só porque vêm nisso um grande potencial de mercado, mas também porque gostariam de devolver algo significativo à instituição que os formou e que consideram ter sido essencial nos seus curtos, mas promissores percursos.

xpim6.jpgPorque é escolheram a UMinho para tirarem os vossos cursos e que marcas deixou?

Nuno Marques de Oliveira: "Engenharia de Materiais era um curso emergente e promissor. Tinha também um conteúdo programático muito transversal, englobando todos os materiais. Suscitou-me interesse e concorri para  a UMinho. Esta Universidade sempre foi reconhecida, internacionalmente, pela formação em Engenharia e não havia razão para não a escolher. Por não ser um academia gigantesca, para mim, que entrei em 2000, sempre foi uma instituição muito próxima. Foi sempre uma casa que nos soube receber. Sempre me senti bem. Nunca senti aquele desejo de acabar o curso e ir embora. Tive uns meses a trabalhar no Departamento de Física e os professores são todos terra-a-terra, são próximos e disponíveis e cultivam o diálogo e isso é muito bom."

Ana Filipa Almeida: "Sou de Oliveira do Hospital, na Serra da Estrela e vim para cá. Gostava do Norte e Guimarães, onde já tinha estado, pareceu-me uma cidade em que facilmente me enquadrava. Entrei em Engenharia Civil, fiquei só 1 mês e, depois daquele ano sabático, abriu o curso de Design de Produto. Era para ir para Design de Moda, mas achei que este novo curso era mais abrangente e pareceu-me muito interessante, embora, claro, com as lacunas que sempre tem o primeiro ano dum curso; mas também é interessante porque acabamos por ser nós a construir o curso e esses conhecimentos ficam para toda a vida."​

Tiago Ermida: "Sou douriense, do Peso da Régua. Foi por vocação, porque só duas universidades tinham a vertente de telecomunicações, a UMinho e a Universidade de Aveiro e entrei aqui. O curso funcionou como um canivete suíço: deu-me as ferramentas para saber fazer, para pesquisar, para ter um pensamento crítico e saber como resolver problemas. No caso específico da XPIM​, deu-me os conceitos tradicionais e básicos de eletrónica que fui aprendendo a adaptar à impressão 3D. Para além disso, nós somos amigos hoje, porque nos conhecemos como colegas no campus de Azurém."

 

* Artigo da rubrica Ecossistema de Inovação e Empreendedorismo da News​​letter Nós Alumni, desenvolvido em parceria com a TecMinho ​​

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