António Machado é um famalicense nascido na Córsega, em França. Licenciou-se na Universidade do Minho em 1997 em Matemática e Ciências da Computação. Atualmente é colaborador da Altran, no Fundão, uma empresa francesa líder no mercado europeu de consultoria em tecnologias de inovação. Passou por algumas empresas de referência em Portugal. É também o responsável pela criação, em 2007, do grupo no LinkeIn “Universidade do Minho - Minho University” que tem cerca de 6300 conexões1

Começaria por recuar no tempo, a 1992, altura em que entrou na Universidade do Minho. O que é que o motivou pela escolha por esta instituição e pelo curso de Matemática e Ciências de Computação?
Na base da escolha da Universidade do Minho teve antes a escolha da formação em si. A minha opção era seguir a carreira na área das matemáticas e, no momento da escolha, eu tinha um guia de cursos, que foi fornecido por uma pessoa amiga, e reparei que existia na UMinho a opção de Matemática e Ciências de Computação e decidi apostar nessa formação, uma vez que tinha a formação básica que eu queria e tinha algo mais.

Já era um homem dos números e das fórmulas?
Sim, gostava de fazer contas. Tinha-me portado, razoavelmente, bem na matemática no secundário e sempre foi uma área que eu gostei. 

E como é que foi chegar à UMinho nessa altura, ainda muito jovem? Como é que se integrou?
A integração foi, no início, um pouco caótica. A comunicação com os alunos não era como agora. Havia um dia em que as candidaturas sairiam, havia um edital que dizia onde e quando é que tínhamos de comparecer para fazermos a nossa matrícula e assim sucessivamente. Depois houve alguma confusão porque não sabíamos quando é que as nossas aulas começariam. Disseram-nos numa semana e depois disseram outra e nós, por prevenção, optámos pela primeira. Essa semana acabou por ser, sem o sabermos na altura, dedicada às praxes e a aulas piratas. Recordo-me, com alguma saudade, de uns colegas meus que estavam a dar uma aula pirata em que a bibliografia era alemã e nós começamos a entrar em pânico, convencidos que era uma aula oficial. 

A sua abordagem ao mercado de trabalho começou ainda como estudante?
Eu comecei a minha carreira como professor de informática do ensino secundário numa cooperativa de ensino chamada Didáxis, estava no 3º ou no 4º ano, na altura. 

Entretanto o seu percurso profissional passou por algumas empresas reconhecidas em Portugal até chegar à Altran, onde está hoje. O que é que leva da UMinho para o seu dia-a- dia profissional?
A formação de base é fundamental. Nunca iria ensinar informática se não tivesse aprendido no ensino superior. Nunca teria ido trabalhar para as empresas sem a formação base que obtive aqui. O reconhecimento da UMinho para a formação na área informática no nosso país, a nível europeu e mesmo mundial contribui para isso. A UMinho traz muita notoriedade na área das tecnologias para quem por cá passou e que a tem no seu CV e, obviamente, é algo chave e que estarei eternamente grato. 

Enquanto profissional continua atento áquilo que se faz na UMinho, não só em termos de ciência, mas também em termos de possíveis recursos humanos para sua equipa?
Sim, eu tenho tido uma especial atenção às pessoas que vão saindo. Quando se tem a oportunidade de receber currículos para a Altran, encaminho, devidamente, para o departamento de Recursos Humanos que irá fazer o respetivo trabalho de triagem, seleção e de agendamento de entrevistas, desde que estejam de acordo com as necessidades que temos naquele momento ou que vínhamos a ter em momentos próximos. Há também atenção em ver um pouco onde é que a Universidade do Minho se posiciona em termos tecnológicos.

Agora recuando novamente a 2007, há cerca de oito anos, foi precursor na medida em que criou um perfil do LinkeIn da Universidade do Minho que já conseguiu 6300 conexões1. A motivação para a criação deste grupo veio da sua apetência para as tecnologias de informação? 
A história que está na base da criação deste grupo teve a ver com um momento chave. Em 2004/2005 fiz um MBA numa outra casa, que também gosto muito, que agora se chama Porto Business School. No final do MBA, houve um seminário de que gostei imenso sobre redes sociais. O professor que lá estava a apresentar essa temática, para suportar essa teoria, apresentou um protótipo em que juntou uma informação relacionada com cinema e tinha uma base de dados enorme. Digamos que a minha noção teórica das redes sociais começou nesse momento. Gostei imenso porque vi o potencial que havia numa ferramenta destas sobre o ponto de vista comercial. O LinkedIn apareceu, mais ou menos, nessa altura e comecei a analisá-lo. A primeira coisa que eu fiz foi, obviamente, registar-me e depois comecei a influenciar colegas meus, com quem fiz o MBA, para mantermos o nosso grupo unido e as pessoas foram criando os seus perfis. Depois veio a funcionalidade de criação de grupos e então resolvi criar o grupo da Universidade do Minho e fui o primeiro a inscrever-me. O segundo passo foi pedir aos meus colegas do MBA para se registarem também e o efeito viral começou a acontecer.

O acompanhamento diário foi o segredo para este crescimento exponencial?
Sim, porque que é uma expansão viral. Hoje em dia, na área da comunicação, temos este nome, um anúncio viral, por exemplo, e ali o efeito “vírico” aconteceu com essa aceitação. 

Dessas 6300 conexões, estamos a falar de que tipificação de pessoas? 
Ainda não consegui fazer essa análise. As únicas ferramentas que tenho são as ferramentas que o LinkedIn me dá. Sei que 95% das pessoas que estão no grupo têm uma relação presente ou passada com a Universidade do Minho, sendo alunos ou professores ou até mesmo funcionários. Os 5% restantes são pessoas do interesse da Universidade do Minho, empresas de recrutamento, departamento de recursos humanos de alguma empresa que, rotineiramente, vão colocando oportunidades de emprego, de forma a que possamos acrescentar conteúdos úteis e que valha a pena para quem lá consulta essa mesma informação.

Nos dias de hoje, e tendo uma vida profissional, imagino que muito ocupada, qual é a sua expetativa em relação à rentabilização a esta ferramenta que criou?
Agora tem que haver uma reflexão estratégica que a Universidade do Minho tem de fazer, sabendo que neste momento há uma nova fase pela qual o grupo tem de passar. Este grupo tem que ser definido como um veículo, uma alavanca que a Universidade do Minho tem para se afirmar no mundo empresarial, tanto fornecendo a indústria com os seus graduados como os serviços de investigação. É, essencialmente, uma ferramenta profissional onde colocamos o nosso CV, onde pesquisamos ofertas de emprego e nos relacionamos com empresas. Esse capital tem de ser muito bem estruturado.

Ao longo do seu discurso é fácil perceber que ainda se sente muito ligado à Universidade do Minho. O que é que sente hoje quando vê notícias sobre a instituição e o sucesso que ela tem atingido? 
A ligação com a Universidade do Minho é uma ligação como qualquer aluno que por cá passou. É algo que fica marcado como uma tatuagem que nunca mais se apaga. Uma marca que se guarda para o resto da vida, uma identificação a uma cidade, a uma cultura, a tudo que de bom se faz por cá. Das instituições públicas que temos em Portugal, o ensino superior público ainda é algo no qual podemos confiar e a Universidade do Minho continua a ser uma referência a esse nível. Eu próprio sou casado com alguém que saiu daqui da Universidade do Minho, tenho um sobrinho que acabou recentemente um curso cá, talvez por lhe ter dado boas referências sobre a instituição e não teve qualquer dúvida em inscrever-se cá. Obviamente fico sempre bastante orgulhoso. Ultimamente penso que houve um ranking em que a instituição ficou muito bem classificada a nível mundial, sob o ponto de vista de investigação. Cada vez que algo acontece de bom na UMinho envio um e-mail para determinadas pessoas, nomeadamente na minha empresa, para lhes mostrar que, de facto, é uma casa com uma referência e com bastante notoriedade. 



1. Na altura em que a entrevista foi realizada, o grupo de LinkeIn criado por António Machado ainda existia com este nome. Atualmente, e graças à gentileza  do ex-aluno, o grupo chama-se Alumni UMinho, fruto da união entre os já existentes grupos Universidade do Minho – Minho University e  Gabinete Alumni UMinho.
  


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