A empresa Balanças Marques (BM) foi fundada em 1967 por José Pimenta Marques, tendo ganho expressão com o início do fabrico em Portugal das denominadas balanças Romanas, destinadas essencialmente à agricultura, e especializando-se, posteriormente, no fabrico de balanças para a Indústria e Comércio.

No final da década de 80, com a entrada dos filhos do fundador na gestão do negócio, iniciou-se também o processo de internacionalização da BM, um marco importante no seu percurso, uma vez que as exportações representam hoje a maior parte do seu volume de negócios e é uma das principais empresas a operar na Península Ibérica nestes dois sectores da pesagem.

A Nós Alumni UMinho conversou com Tiago Marques, neto do sócio-fundador e ex-aluno da Escola de Economia e Gestão da UMinho, que assume o cargo de Diretor Financeiro e Responsável pelo Planeamento Estratégico na empresa da família. 

Fale-me um pouco sobre o percurso da empresa desde quando foi fundada até aos dias de hoje.
A BM é uma empresa que conta com um vasto historial de quase 50 anos e tem vindo sucessivamente a crescer e a obter vários marcos importantes, sobretudo na última década, pelo que vou tentar destacar aqueles que me parecem mais relevantes:
A empresa foi criada em 1967 pelo meu avô, José Pimenta Marques. No final da década de 80 transforma-se em sociedade e dá-se a entrada de uma 2ª geração da família na gestão do negócio - a minha mãe e os meus tios. A partir dessa data, e aproveitando a entrada de Portugal na UE e a crescente globalização dos mercados, inicia-se o processo de internacionalização da empresa, devendo este ser considerado como um marco de sucesso dado que, desde 2005, as exportações representam a maior parte do volume de negócios da empresa.
Em 1995, com a inauguração das instalações “Edifício Balanças Marques” dá-se um grande salto qualitativo na nossa capacidade produtiva.
Em 2003 foi criado o Grupo José Pimenta Marques (JPM), do qual faz parte a Balanças Marques. O Grupo JPM é um grupo de empresas familiar, detido pelos mesmos sócios da BM e atualmente é constituído por 15 empresas, estando as mesmas relacionadas não apenas com o mercado da pesagem mas também com outros setores de atividade, nomeadamente o software, design industrial e gráfico, realização de eventos e comercialização de bebidas.
Em 2009 foi inaugurada uma nova unidade fabril para I&D, produção e montagem de balanças comerciais. Em 2010 a BM foi distinguida com o prémio PME Líder 2010. Em 2011 foi criada a Balanzas Marques (Espanha) para distribuição dos produtos em Espanha e a BM foi reconhecida com o prémio PME Excelência 2011. Em 2012 foi criada a Balances Marques (França) para distribuição dos produtos em França e foi obtida a acreditação do Laboratório de Calibração CallMarques pelo IPAC. Em 2014 foi criada a Balanças Marques Brasil, para distribuição dos produtos no mercado brasileiro. 
 Quais são os produtos e serviços que disponibilizam? 
A BM fabrica todo o tipo de equipamentos de pesagem comercial e industrial, sendo uma das principais empresas a operar na Península Ibérica nestes dois sectores da pesagem. É ainda o maior fabricante ibérico de básculas de pesar camiões que é, sem dúvida, o nosso produto-âncora na área industrial. Na pesagem comercial, o destaque vai para a BM5, uma balança de tecnologia tátil, que reúne hardware e software de excelência. É de realçar que tanto a BM5 como a báscula de pesar camiões PCM M1500 são produtos premiados internacionalmente e verdadeiros casos de sucesso tanto em Portugal como no estrangeiro.
Além de também desenvolver software específico para o setor da pesagem, a BM presta também serviços de assistência técnica, de manutenção preventiva e possui, ainda, um laboratório de metrologia (CallMarques), acreditado pelo IPAC para prestar o serviço de calibração de instrumentos de pesagem.

Quais os principais fatores de sucesso e de diferenciação da empresa?
Na minha opinião, o principal fator de sucesso e de diferenciação da BM é a elevada qualidade dos produtos fabricados e dos serviços prestados – sem qualidade, nenhuma empresa se consegue manter há tantos anos na liderança de um mercado bastante competitivo.
Por outro lado, parece-me importante destacar o processo de internacionalização da empresa, o qual tem sido um sucesso e nos tem permitido explorar, ano após ano, novos mercados. Esta estratégia permitiu-nos aumentar o volume de negócios e ultrapassar, sem qualquer sobressalto, os últimos anos de contração do mercado interno.
Por último, gostaria de destacar a autonomia no processo produtivo e na distribuição dos produtos como outro dos fatores de sucesso, dado que no Grupo JPM existem várias empresas que complementam a atividade da BM e nos permitem controlar a 100% a qualidade na fabricação das várias componentes e na distribuição do produto.
Sempre tivemos consciência que para termos sucesso e nos destacarmos, precisávamos de diversificar mercados, tornarmo-nos autónomos na produção e na distribuição, bem como apostar na customização dos produtos às necessidades específicas dos nossos clientes.​
Têm ganho vários prémios nos últimos anos, como por exemplo o PME Excelência 2014. Qual é o valor, para a BM, destes vários reconhecimentos?
Para a Balanças Marques trata-se do reconhecimento do excelente trabalho que tem desenvolvido ao longo de já quase 50 anos. Estas distinções são, naturalmente, motivo de enorme satisfação e orgulho, mas também trazem mais responsabilidade, porque é importante manter o nível atingido e porque aumenta a exigência, tanto interna como externamente. 
É extremamente gratificante ver que o nosso trabalho e as nossas apostas não são em vão e que somos reconhecidos e distinguidos por trabalharmos com rigor e sustentabilidade orçamental, obtermos resultados positivos e crescermos sustentadamente.
Além da distinção de PME Excelência 2014, não posso deixar de destacar, pela sua relevância, os prémios internacionais “Weighing Review Awards”. Em 2014, a Balanças Marques foi eleita a terceira melhor empresa mundial de pesagem, tendo dois produtos, a balança BM5 e a báscula PCM M1500, vencido nas categorias de melhor balança para retalho e melhor báscula de pesar camiões, respetivamente. A báscula PCM M1500 foi, na edição de 2015, novamente eleita a melhor báscula de pesar camiões.
Trata-se do reconhecimento internacional do trabalho da Balanças Marques e da qualidade dos seus produtos. Estas distinções servem, igualmente, para reforçar a boa imagem que a empresa também já tem além-fronteiras e o posicionamento da sua marca e dos seus produtos no mercado internacional.
Ao nível local foi para nós também um orgulho termos recebido no ano de 2014 o galardão “A Nossa Terra” na categoria “Empresa Setor Industrial”.
O mérito dos vários reconhecimentos deve ser distribuído por todos os colaboradores, bem como por todas as empresas do Grupo JPM e respetivos colaboradores, porque sem todos tal não seria possível. Da mesma forma que não seria possível sem o contributo de todos os nossos clientes, parceiros, fornecedores e amigos.
Em meados de 1990, a empresa iniciou uma estratégia de exportação que se reflete, atualmente, num volume de faturação muito significativo. Fale-me um pouco da importância desta internacionalização e da presença noutros países. 
A BM possui atualmente empresas próprias de distribuição em importantes mercados (Espanha, França, Brasil e China) e exporta para muitos outros países, como Alemanha, Irlanda, Bélgica, Áustria, Roménia, Argélia, Marrocos, Tunísia, Cazaquistão e Angola. 
Em 2015 concretizámos mais um forte investimento no seguimento desta estratégia, a criação da Marques Electronic Technology (Ningbo), na China, que nos permite produzir, comercializar, importar e exportar naquele país asiático. A criação desta empresa abre as portas da BM a um mercado gigantesco e redimensiona, de forma exponencial, a presença internacional da empresa e do Grupo JPM de que faz parte. Além disso, com o nosso próprio serviço de engenharia na China, passamos a ter capacidade para desenvolver internamente aquilo de que necessitamos para os nossos equipamentos, ganhando autonomia e competitividade. Com este investimento, a Balanças Marques consegue aumentar a capacidade de produção, diminuindo custos e garantindo padrões de elevada qualidade, e alarga os seus mercados, tornando-se mais competitiva internacionalmente.
Consideramos que temos tido a capacidade de ultrapassar muitas barreiras e de nos expandirmos num cenário cada vez mais competitivo e globalizado, sendo que a nossa forte aptidão exportadora é demonstrativa do sucesso da nossa estratégia de internacionalização, bem como sinal inequívoco do reconhecimento internacional da qualidade dos produtos Marques.

O know-how da vossa equipa de trabalho é certamente um fator crucial para o vosso bom desempenho. Qual é a formação profissional dos vossos colaboradores? Existe uma predominância de diplomados da UMinho?
A BM apresenta necessidades diversas no que diz respeito à formação profissional dos seus colaboradores: deste modo, há funções que são exemplarmente desempenhadas por pessoas que possuem o 1º ciclo do ensino básico; temos vários colaboradores com cursos profissionais (especializados sobretudo em áreas como a eletrónica ou a informática), os quais são fundamentais no nosso processo produtivo e na assistência técnica.  Por último, e tendo em conta que cada vez mais sentimos necessidade de ocupar os nossos quadros intermédios com pessoas qualificadas e com grandes apetências analíticas, há determinados cargos que apenas são ocupados por pessoas com licenciatura, pós-graduação ou com mestrado, havendo uma grande incidência em áreas como a Engenharia Mecânica, a Gestão Industrial, as Relações Internacionais, a Gestão e a Economia. 
Sendo uma empresa de Braga é com grande satisfação​ que constatamos que a grande maioria dos nossos colaboradores com formação superior são provenientes da UMinho, sendo que, no nosso universo de colaboradores com formação superior, cerca de 75% são provenientes desta Academia.
A BM conta com quantos funcionários (fora e dentro do país)?
Atualmente, a Balanças Marques conta com cerca de 60 colaboradores em território nacional. Com a nossa forte presença nos mercados espanhol e francês sentimos a necessidade de prestar um apoio mais presencial aos nossos clientes pelo que sentimos a necessidade de criar a Balances Marques (França) e a Balanzas Marques (Espanha). Para além disso, continuamos com um forte crescimento no Brasil e na China, pelo que atualmente temos cerca de uma dezena de funcionários nestes 4 mercados e em breve prevemos vir a aumentar este número. 
Por outro lado, o Grupo JPM tem participações em 15 empresas, totalizando as mesmas cerca 140 colaboradores, tanto em território nacional como internacional.

Quais as principais exigências envolvidas no processo de recrutamento de novos membros?
A BM, tal como a generalidade das empresas, procura ocupar todos os seus cargos com profissionais de excelência. Tendo em conta o crescimento que a empresa tem apresentado nos últimos anos, a área dos RH e os processos de recrutamento apresentam um peso cada vez maior no nosso dia-a-dia, pelo que reforçámos recentemente o nosso departamento de RH e temos vindo a trabalhar na melhoria contínua dos nossos processos de recrutamento.
Nestes processos damos ênfase, não apenas à formação académica e à experiência profissional (as quais são mais facilmente avaliadas), mas também às denominadas “soft skills” (dedicação, proatividade, capacidade de trabalho, etc.) e às atividades extracurriculares, tendo como objetivo último a contratação de bons técnicos que tenham a capacidade de trabalhar num grupo de empresas dinâmicas, com um espírito jovem e empreendedor e que possuem vários negócios complementares, pelo que o trabalho em equipa é fundamental. Resumindo, no Grupo JPM procuramos colaboradores que se identifiquem com o nosso lema: “Um Grupo, uma Família”.
            
É formado em Economia pela UMinho. O que é que o motivou a escolher esta instituição para tirar o seu curso?
Escolhi a UM por dois motivos: 
1) a localização geográfica - sou natural de Braga e sempre tive muito gosto em viver nesta cidade, pelo que foi para mim um privilégio ter a possibilidade usufruir de uma boa instituição de ensino e continuar a desfrutar da minha cidade; 
2) a qualidade do ensino – fiz alguma pesquisa antes de me candidatar e percebi que no norte do país a UM e a Faculdade de Economia do Porto destacavam-se claramente das restantes, sendo que, apesar da tradição que esta última apresenta, a UMinho possuia um corpo docente mais jovem, muito acessível e muito qualificado (grande parte dos professores são doutorados nas melhores universidades do mundo), pelo que ao nível da qualidade do ensino a Escola de Economia e Gestão (EEG) da UMinho não fica nada atrás de nenhuma outra universidade da região. Deste modo, considero que, por motivos estritamente académicos, não há qualquer razão para um aluno de Braga se mudar para outra cidade.

Que importância teve a sua passagem pela UMinho para o seu percurso profissional?
A UMinho foi fundamental para o meu percurso profissional dado que me permitiu obter uma base sólida de conhecimentos fundamentais para o desempenho das minhas funções. Noutro âmbito, considero que a UMinho me proporcionou um excelente acompanhamento na transição para o mercado de trabalho, tendo-me fornecido todo o acompanhamento necessário na decisão do meu futuro e na preparação dos vários processos de recrutamento em que estive envolvido – não tenho dúvidas que este acompanhamento teve um peso muito relevante no meu ingresso numa das maiores empresas mundiais da área de consultoria financeira, a PwC.
Para além destes fatores, a minha passagem pela UMinho permitiu-me criar relações pessoais que mais tarde se tornaram em relações profissionais, dado que tive o privilégio de, nos últimos 2 anos, ter sido Adjunto do Secretário de Estado Fernando Alexandre no Ministério da Administração Interna, tendo este sido meu professor na Universidade do Minho.
Mantem ainda algum tipo de relação com a UMinho? 
Como Alumni da UMinho e dado que neste momento tenho um irmão mais novo a frequentar o curso de Economia, vou tentando manter-me informado do desenvolvimento da UMinho e, em particular, da EEG. Para além disso, já participei em alguns eventos relacionados com a inserção dos alunos finalistas do curso de economia no mercado de trabalho.​

E no que diz respeito à empresa. Existe ou já existiu algum tipo de  cooperação com esta academia? 
Sendo a principal instituição académica e científica da nossa região, procuramos sempre manter uma cooperação estreita com a Universidade do Minho, desde logo através do acolhimento de vários estagiários de diversos cursos, sobretudo de algumas áreas de engenharia, mas também, colaborando em alguns projetos de Investigação e Desenvolvimento. Entendemos que é muito importante a valorização dos alunos e dos académicos através da participação em projetos que cheguem verdadeiramente ao mercado e que possam ter uma aplicação prática real. 
Na Balanças Marques já desenvolvemos alguns projetos muito interessantes, com parcerias deste tipo, nas áreas de eletrónica industrial, desenvolvimento de software, comércio internacional, etc., e estamos sempre disponíveis para colaborar em muitos mais e recetivos a tudo que esteja relacionado com empreendedorismo e com a exploração de ideias inovadoras.

Quais os próximos desafios para a Balanças Marques?
Os principais desafios vão continuar a ser a internacionalização (consolidação da nossa posição em alguns mercados e entrada em novos países) e o desenvolvimento de novos produtos que acompanhem as necessidades de um mercado global cada vez mais exigente.
Como o passado recente e os resultados obtidos demonstram, as nossas perspetivas estão sempre diretamente ligadas ao modo como encaramos e enfrentamos as situações, ou seja, sempre de forma positiva e sem receio de arriscar, de alcançarmos sempre mais e melhor. Confiamos que continuaremos a conseguir superar as dificuldades e a ser bem sucedidos nos nossos planos de internacionalização, de consolidação da nossa capacidade exportadora, da nossa autonomia produtiva, e de contribuição para a expansão e fortalecimento do Grupo José Pimenta Marques.

* Artigo da rubrica Ecossistema de Inovação e Empreendorismo da Newsletter Nós Alumni, desenvolvido em parceria com a TecMinho​​​​​​

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